sábado, 19 de junho de 2010

Públicos e Audiências - análise de Jornal PUBLICO (MICAS E CARLA)

"O público pensa por si
aquilo que lhe ditam".
Roger Judrin

Descrição dos objectivos do Projecto:

Este projecto será desenvolvido no âmbito da disciplina de Públicos e Audiências. Foi-nos proposta a elaboração de um projecto de análise da audiência de um órgão de comunicação social com impacto nacional. Neste sentido o meio escolhido por nós para a elaboração deste projecto foi o Jornal PÚBLICO.
A proposta que vamos apresentar é uma aplicação da matéria teórica leccionada nas aulas. Deste modo, e com base no método levado a cabo pela MARKTEST, tentamos aplicar a matéria teórica da disciplina a este projecto.
A MARKTEST é uma empresa especializada no estudo das audiências dos meios de comunicação social no nosso país que tem vindo a desenvolver e a melhorar os seus métodos de análise.

Jornal escolhido: PÚBLICO

Estatuto editorial do PÚBLICO

PÚBLICO é um projecto de informação em sintonia com o processo de mudanças tecnológicas e de civilização no espaço público contemporâneo.
PÚBLICO é um jornal diário de grande informação, orientado por critérios de rigor e criatividade editorial, sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e económica.
PÚBLICO inscreve-se numa tradição europeia de jornalismo exigente e de qualidade, recusando o sensacionalismo e a exploração mercantil da matéria informativa.
PÚBLICO aposta numa informação diversificada, abrangendo os mais variados campos de actividade e correspondendo às motivações e interesses de um público plural.
PÚBLICO entende que as novas possibilidades técnicas de informação implicam um jornalismo eficaz, atractivo e imaginativo na sua permanente comunicação com os leitores.
PÚBLICO estabelece as suas opções editoriais sem hierarquias prévias entre os diversos sectores de actividade, numa constante disponibilidade para o estímulo dos acontecimentos e situações que, quotidianamente, são noticiados e comentados.
PÚBLICO considera que a existência de uma opinião pública informada, activa e interveniente é condição fundamental da democracia e da dinâmica de uma sociedade aberta, que não fixa fronteiras regionais, nacionais e culturais aos movimentos de comunicação e opinião.
PÚBLICO participa no debate das grandes questões que se colocam à sociedade portuguesa na perspectiva da construção do espaço europeu e de um novo quadro internacional de relações.
PÚBLICO é responsável apenas perante os leitores, numa relação rigorosa e transparente, autónoma do poder político e independente de poderes particulares.
PÚBLICO reconhece como seu único limite o espaço privado dos cidadãos e tem como limiar de existência a sua credibilidade pública.

O objectivo que nos propomos neste projecto é analisar o impacto do jornal PÚBLICO no país, através da realização de sondagens de opinião no que diz respeito a este jornal, em Portugal Continental. Pretendemos fazer um projecto de análise de audiências.
O conceito de audiência passou por várias definições ao longo da história. Hoje em dia, a audiência é entendida como massa, isto é, um número infindo de pessoas cujos membros não se conhecem. A sua composição está continuamente em mudança, não há identidade própria e as relações são impessoais. A audiência é entendida como um mercado potencial de consumidores.
Mas em que é se baseia a audiência como mercado? Baseia-se no conjunto de consumidores reais ou potenciais, de serviços e de produtos mediáticos, com um perfil socio-económico definido e conhecido.
É necessário termos em conta determinadas características desta audiência de mercado: individuais; descontínuas; sem noção de pertença ou de identidade como audiência; os seus limites baseiam-se em critérios socio-económicos; não há relações internas entre os seus membros, nem ao nível das relações sociais ou normativas com a fonte de comunicação.
Conhecendo a complexidade que caracteriza a audiência de mercado e pelos resultados alcançados através das alterações tecnológicas verificadas, que permitiram uma forma diferente na recolha da mensagens pela audiência, percebemos o complicado que é proceder à sua análise.
Tudo isto porque o facto de vivermos num mundo cada vez mais virado para a globalização informativa, as audiências mostram-se cada vez mais inacessíveis quando são sujeitas a um estudo deste tipo.
A audiência de um órgão de imprensa é um valor que se obtém multiplicando a média estimada de leitores por edição pela tiragem. Este número indica o número de indivíduos que estiveram em contacto com a edição de uma publicação.
Quando se faz um estudo de audiências temos ao nosso dispor um diverso conjunto de métodos, cada instrumento esclarece a realidade de uma forma particular, por isso, mediante o objecto deve-se escolher o instrumento mais adequado.
Em Portugal, a Marktest é uma empresa altamente especializada em estudos de mercado, nomeadamente em audiências de imprensa. Foi na Marktest que nos fundamentámos para realizar este projecto de análise da audiência do Jornal PÚBLICO.
Desde 1996 que a Marktest utiliza o método Bareme-Imprensa renovado para desenvolver os seus estudos de forma eficaz.
O Bareme-Imprensa passou a utilizar, desde 1996, a técnica de recolha com base em entrevista pessoal e telefónica, a indivíduos com mais de 15 anos de idade, residentes em Portugal Continental. Através do Bareme-Imprensa procurou-se ultrapassar alguns dos graves problemas que a recolha directa enfrenta, particularmente a dispersão geográfica e os altos custos. O Bareme-Imprensa é, assim, um estudo fundado e com uma dinâmica de evolução capaz de se adaptar às novas realidades da imprensa portuguesa.
No caso do jornal PÚBLICO, determinamos fazer uso da entrevista pessoal e telefónica evitando, assim, alguns dos sérios problemas que a recolha directa enfrenta. O método de entrevista telefónica permite uma maior harmonia de horários e um maior empenho por parte do entrevistado. Além disso, esta técnica possibilita uma maior dispersão da amostra, num espaço de tempo relativamente reduzido, e com menores custos de recolha.
O objectivo fulcral deste projecto é quantificar e identificar os leitores do jornal PÚBLICO.


1 - Acessibilidade/recusa dos entrevistados

Para procedermos à recolha da informação é necessário termos em conta os seguintes pontos:
- A incompatibilidade de horários entre os entrevistadores e os entrevistados;
- A existência de condomínios fechados, prédios com porteiros que de uma maneira ou de outra impedem o acesso dos entrevistadores aos entrevistados;
- A desconfiança do entrevistado em relação ao entrevistador, hoje entrevista-se por tudo e por nada e as pessoas estão um pouco saturadas deste processo;
- As pessoas podem desligar o telefone a qualquer momento e não mostrar disponibilidade em abrir as portas para a realização das entrevistas; e,
- Nas entrevistas telefónicas a não presença do entrevistador pode deixar o entrevistado muito mais a vontade e esse factor pode permitir uma maior veracidade nas respostas.

2 - Universo

Criada em 1983, a Base Regular de Meios (Bareme) estudava as audiências de televisão, rádio e imprensa. Mais tarde, em 1992, dedicava-se apenas à rádio e à imprensa. A televisão começou a ser estudada com outra técnica, a audimetria.
Como o PÚBLICO é um diário impresso iremos recorrer ao Bareme-imprensa e iremos estudar o universo constituído pelos indivíduos com 15 ou mais anos, residentes no território de Portugal Continental.
Com base nos Censos de 2001, este número está quantificado em 8 311 409 indivíduos.
O quadro da página seguinte apresenta a sua distribuição por algumas das principais variáveis demográficas:

Quantificação do universo
Categorias
População
%
Sexo
Masculino
3 968 422
47.7
Feminino
4 342 987
52.3
Grupos etários
15 a 17 anos
372 523
4.5
18 a 24 anos
1 027 112
12.4
25 a 34 anos
1 500 736
18.0
35 a 44 anos
1 427 556
17.2
45 a 54 anos
1 274 953
15.3
55 a 64 anos
1 079 933
13.0
65 e + anos
1 628 596
19.6
Regiões Marktest
Grande Lisboa
1 650 626
19.8
Grande Porto
913 926
11.0
Litoral Norte
1 604 834
19.3
Litoral Centro
1 352 110
16.3
Interior Norte
1 842 169
22.2
Sul
947 744
11.4
Total
8 311 409
100.0
Base: Indivíduos residentes em Portugal continental, com idade igual ou superior a 15 anos.*
* Tirado da página da Internet da Marktest.

3 - Amostra

Por amostra entende-se o conjunto de pessoas submetidas a um questionário e cujas respostas serão tidas como representativas de uma população mais vasta. A representatividade da amostra é fundamental e é a sua principal qualidade.[1]
Para tornar mais fácil todo o processo, vamos optar pelas entrevistas telefónicas e, deste modo, torna-se possível aumentar geograficamente a nossa amostra, em pouco tempo e a um custo menor.
Devemos também ter em atenção que o número de entrevistas a realizar deve ser proporcional nos dias da semana. Tal não acontece nas entrevistas porta-a-porta pois nunca vamos conseguir determinar o tempo exacto de cada entrevista na medida em que não se pode empacotar os entrevistados da mesma maneira. Há pessoas com maior facilidade de resposta do que outras. É certo que umas entrevistas vão exigir mais tempo que outras.
Os indivíduos contabilizados para o estudo das audiências são 8311409, com idade igual ou superior a 15 anos. Deste modo, a nossa amostra, que incide na população com mais de 15 anos – totaliza 5300 entrevistas.[2] A amostra é distribuída pelos vários dias da semana, sendo 757 em cada dia. O estudo será feito em três vagas:

1º Vaga: 1 de Janeiro a 31 de Março
2º Vaga: 1 de Abril a 30 Junho
3º Vaga: 15 de Setembro a 15 de Dezembro

Distribuição Teórica da Amostra por dias da semana
Dia da semana
Entrevistas por vaga
Total do ano
Segunda-Feira
757
2271
Terça-Feira
757
2271
Quarta-Feira
757
2271
Quinta-Feira
757
2271
Sexta-Feira
757
2271
Sábado
757
2271
Domingo
757
2271
Total
5300
15897


4 – Classes Sociais

Classe A – classe alta
- Concentração dos quadros médios e superiores;
- 50%por cento de licenciados;
- 40% Com habilitações iguais ou superiores ao 10º ano;
- O maior grupo etário é dos 35 aos 44 anos;
- Rendimento líquido mensal familiar é de 1725 euros; e,
- Rendimento líquido mensal individual é de 950 euros.

Classe B – classe média-alta
- Concentração de quadros médios e superiores embora em menor quantidade;
- 45% Têm habilitações entre o 10º e o 12º ano;
- O maior grupo etário é 25-34 anos e 35-44 anos;
- Rendimento mensal liquido familiar: 1100 euros; e,
- Rendimento mensal liquido individual: 700 euros.

Classe C1 – classe média
- Estudantes na maioria;
- Funcionários dos serviços administrativos;
- Escolaridade obrigatória entre o 10º e o 12º ano;
- O maior grupo etário é 25-34 anos e 35-44 anos;
- Rendimento mensal liquido familiar: 800 euros; e,
- Rendimento mensal liquido individual: 500 euros.

Classe C2 – classe média-baixa
- Trabalhadores especializados e não-especializados, incluindo as domesticas;
- Frequência de escola primaria e ciclo;
- Os maiores grupos etários são 18-24, 25-34 anos e 45-54 anos;
- Rendimento mensal liquido familiar: 550 euros; e,
- Rendimento mensal liquido individual: 350 euros.

Classe D – classe baixa
- 60%reformados;
- Apenas 80% com ciclo preparatório;
- A média de idades é superior a 55 anos;
- Rendimento mensal liquido familiar: 350 euros; e,
- Rendimento mensal liquido individual: 300 euros.

Dimensão das Classes Sociais - versão actual (site da Marktest)


Neste projecto, o método escolhido para escolher a amostra é o probabilístico ou aleatório pois é o mais adequado ao objectivo do estudo.
Este é o método mais simples e rigoroso. A amostra é feita ao acaso, permitindo que cada elemento da população tenha uma possibilidade calculável e nunca nula de figurar na amostra. Na prática, isto consiste em tirar à sorte indivíduos de uma designada lista (base de dados de número de telefones) implicando obviamente que estas estejam actualizadas. A amostra não é constituída por indivíduos isolados, mas por grupos de pessoas, constituindo entidades naturais.
A informação será recolhida todos os dias, entre as 17 e as 22 horas. A recolha é contínua excepto no período de verão e na última quinzena de Dezembro.
Esta recolha será realizada através do método da entrevista telefónica assistida por computador – sistema C.A.T.I. (Computer Assisted Telephonic Interviews).

5 – Tratamento da informação

O próprio método utilizado pelo Bareme-Imprensa possui informações relativas à audiência para estudar os meios impressos. Neste sentido, estão disponíveis os indicadores de análise abaixo descritos:

Cobertura máxima: diz respeito ao número ou percentagem de indivíduos que pertencem a um universo ou alvo, que estabelecem contacto habitual (ler ou folhear) com um suporte, independentemente da pontualidade com que o fazem.

Duplicação de audiências: diz respeito ao número de indivíduos que têm contacto com dois suportes em simultâneo.

Audiência Média: diz respeito ao número ou percentagem de indivíduos que contactaram. Em relação ao PÚBLICO, que é um jornal diário, trata-se da véspera.


6 - Questionário

Os questionários, quando feitos telefonicamente, podem apresentar resultados tão fiáveis quanto aqueles que são realizados de forma directa in presentia (entrevista pessoal e directa).
Os entrevistadores telefónicos são sempre apoiados por um sistema informático. O programa informático utilizado no estudo das audiências da Imprensa é desenvolvido pela MARKTEST. Os títulos estão reunidos por temas e por periodicidade. Os grupos e os títulos que os compõem são escolhidos aleatoriamente pelo programa informático.
Para elaborar o questionário, será utilizado o método do Recent Reading, ou última leitura na véspera, que calcula a audiência de uma edição publicada ao longo de um período separando duas saídas editoriais, neste caso é feito diariamente.
Questões que podem estar presentes neste tipo de questionário são as seguintes:
1- Idade?
2- Sexo?
3- Actividade profissional?
4- Instrução escolar?
5- Lê jornais?
6- Se sim, quais?
7- Conhece o jornal PÚBLICO?
8- Se sim, através de quê ou de quem?
9- Costuma comprar este o jornal PÚBLICO?
10- Se sim com que frequência?
Todos os dias?
Todas as semanas?
Duas vezes por mês?
Ocasionalmente?
11- Durante quanto tempo, em média, costuma ler o PÚBLICO?
12- Em que altura do dia costuma ler?
13- Quais os temas da sua preferência?
14- Quando foi a última vez que leu o PÚBLICO?
15- Qual a sua opinião sobre o PÚBLICO?


7 – Controlo da qualidade

Um estudo só é credível quando há mecanismos que asseguram a sua credibilidade e a objectividade das respostas que se pretende obter. Aquando da realização das entrevistas telefónicas os coordenadores do estudo estão presentes no espaço em que estas se realizam.
A sua presença é fundamental já que são eles que corrigem a formulação das perguntas, dão formação, esclarecem as dúvidas dos entrevistadores. No fundo são eles que orientam todo o processo de recolha da informação. Esta supervisão permite recolher todas as reacções dos entrevistados e assinalar todas as respostas que são realmente recolhidas.

8 – Apresentação da Informação

Depois de recolhida e tratada a informação será disponibilizada num relatório em papel e na base de dados. Esta informação será fornecida três vezes por anos, a cada uma destas vezes irá corresponder cada uma das vagas.
Os relatórios são compostos por quadros evolutivos e quadros de tabulação. Em relação à base de dados, os seus ficheiros estão projectados para a exploração através do software MARKSEL.

Optamos por esta estrutura metodológica por se tratar de um projecto e não de um trabalho científico (de desenvolvimento teórico).

[1] Devemos ter em atenção que quanto maior for a dispersão geográfica da amostra maior representatividade ela terá em termos de território português.
[2] Segundo os apontamentos da aula

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